a cura e o conhecimento que encontro nas palavras que encontro quando encontro um pouco de mim às vezes não é possível. vez ou outra a vida esbarra num além incapturável pela palavra. onde o sentido não cabe na palavra. nem em mil delas. repete-as. talvez seja por isso que há tantos poemas e músicas e filmes e livros falando de amores doídos, a dor proveniente do amor sempre foge um pouco das palavras. na ânsia de capturá-la, criamos. criamos muito. histórias, rimas, realidades, arte.
o quê mais criativo, senão a dor? o quê mais enigmático, senão a dor? amor.dor.ódio. talvez seja essa a razão pela grande fascinação em tragédias românticas, especialmente.
menos infelizes são aqueles que mergulham nessa dor e conseguem submergir com palavras. no momento, me faltam palavras e sobram sentimentos. tudo desconhecido, mas muito sentido. e até o sentir me parece confuso, como se até os sentidos se escondessem um pouco de mim. estou conseguindo sentir tudo o que estou sentindo? acho que é o tipo de pergunta que só quem viveu uma tremenda dor pode entender e ainda assim não saber responder.
o conforto vem com a compreensão e perspectiva trazidas pelo tempo. é isso o que as pessoas querem dizer com "o tempo cura tudo". o tempo promove uma grande emersão de sentimentos e sentidos que um dia nos foram inalcançáveis. por isso falamos tanto de nossas tragédias no pretérito. existe um processo de maturação dos sentimentos e dos sentidos.
agora, por exemplo, escrevi tudo isso, porque ainda não tenho compreensão nem acesso aos meus sentidos para falar sobre o que sinto agora. e é essa eterna incompreensão que vai me fazer escrever para sempre. a incansável busca por alcançar o inalcançável. a fascinante jornada de sentir o que se sente. a provocante tarefa de ser quem se é.

Nenhum comentário:
Postar um comentário